CARIOCAS x MINEIROS



A minha primeira leitura marcante foi O Equilibrista, de Fernanda Lopes de Almeida e Fernando de Castro Lopes, ainda durante a infância. Em fevereiro de 2005, Guacira Cavalcanti – contadora de estórias e cúmplice de poesia – presenteou-me com este livro. Reler foi uma experiência brutal. Sabe aquele papo furado de “ler é viajar, blá, blá, blá...”? Pois bem, fez todo sentido! Praticamente senti o cheiro do jardim da casa onde morávamos, na Rua das Acácias. Fui dormi com as sensações infantis resgatadas através daquelas 33 páginas coloridas.

Na manhã seguinte, acordei certo de que O Equilibrista fora escrito para adultos. Era profundo demais para crianças. Como assim, para crianças?! Conversando com D. Nídia, minha progenitora, durante o café da manhã, ela citou Cecília Meireles, que dizia: “livro infantil é livro que criança também pode ler”.

Mantive o hábito de leitura. Hoje sou bem mais seletivo, mas já li de tudo e não acredito em subliteratura como os intelectualóides de plantão. Não sou do time que odeia Paulo Coelho sem ter lido sequer uma linha. Li O Alquimista, Diário de um Mago e Brida. Tenho meus motivos. Mas desgostar não significa em absoluto desconsiderar o mérito. Desconfio tanto de quem só lê Paulo Coelho quanto de quem apenas lê Machado de Assis. No Instituto de Letras da Universidade Federal da Baêa minha porra, reduto dos academicistas-com-ar-blasè-não-tô-nem-aí-pra-você-mocréia, alguém que assume gostar de ler Paulo Coelho corre o sério risco de ser apedrejado ou atropelado por um caminhão carregado de purpurina. Perigosíssimo!

Sou da geração que ainda não se adaptou aos novos paradigmas da leitura como, por exemplo, ler na tela do computador. Se o texto tiver umas duas laudas, massa. Mais do que isso, entretanto, preciso imprimir. Sou um dinossauro da leitura.

Há tempos já não tenho paciência para estes periódicos semanais. Tenho verdadeiro asco da Veja. Não concebo como um órgão de imprensa, em pleno século XXI, ainda tem uma orientação tão fascista assim. Diogo Mainardi é o Darth Vader tupiquinim com complexo de inferioridade disfarçada de arrogância etnocêntrica americanófila. Evito conversar com pessoas que citam esse verme para legitimar um argumento, como se a opinião desse filhote abortado de Paulo Francis endossasse alguma merda. Aqui em casa, temos a assinatura da Istoé. Recentemente, contrataram um novo time de colunistas, pois estavam perdendo mercado para a supracitada arqui-rival. Num passado longínquo, essas publicações seguiam linha editorias muito distintas. Hoje, contudo, talvez a maior diferença seja que a Istoé reserva uma única página para as citações da semana de famosos, enquanto a Veja, duas.

Assistir ao Esporte Espetacular no Domingo não é simplesmente um programa. É qualidade de vida. Geralmente faço isso folheando a Istoé, assim me distraio e a azia não ataca. No último domingo, enquanto via Dani Monteiro (ai, Dani!) se embrenhando na floresta amazônica com o destacamento do exército brasileiro especializado neste ambiente, o artigo da página 74, da seção Comportamento, da Istoé de 02 de julho/2008, nº 2017, ano 31, me prendeu a atenção. Dizia o título: “O BRASILEIRO É FELIZ NA CAMA: Pesquisa mundial mostra que a população tem elevada auto-estima sexual”. Eu, que só passo o olho, tive de ler tudo!

Era menos de uma página, pois havia uma foto de um casal sorridente na cama que mais parecia propaganda de lençol. À medida que avançava na leitura, ia me convencendo de que o melhor era mesmo a fotografia do lençol de percal 300 fios da Buddemeyer. Foi quando me deparei com os números concernentes à freqüência com que determinados povos do mundo iam para cama. De acordo com a pesquisa realizada pela Pfizer, os cariocas têm uma média de 3,3 relações sexuais por semana, enquanto que as cariocas, 2,7. A primeira coisa a me intrigar foi esses três e sete décimos dos 3,3 e 2,7, respectivamente. (Sempre quis usar respectivamente. Acho chique pra caralho.) Como assim 3,3 vezes por semana, negão?! Significa o quê, exatamente? Talvez três intercursos completos e uma punhetinha? Os setes décimos, então, melhor deixar de lado (ops).

Coincidentemente, logo após essa leitura, ainda incomodado, entrei no MSN e encontrei a revisora dos textos desse blog, minha amiga Paula Berbert. Comentei dos resultados das pesquisas e ela, para piorar a minha situação, apontou para outra questão que iria me atormentar trocentas vezes mais.

Lubisco diz:
Babes, como assim 0,3? Estatística é uma farsa! É o que isso? Uma punhetinha, uma chupadinha no peito?
Paula Berbert diz:
Euaehuaheuahe. E essa diferença de 0,6 entre os homens e mulheres?
Lubisco diz:
Uia! Não tinha pensado nisso! Agora fudeu! Vai ver os cariocas tão se comendo entre eles pq tem muito viado lá!

Paula diz:
Kkkkk. Vai ver OS cariocas viajam mais que AS cariocas e essa diferença é justamente de quando eles estão fora.
Lubisco diz:
Ok
Paula diz:
?
Lubisco diz:
Vou nessa. Ainda não terminei o artigo. Adios, babes.

Voltei para minha leitura e percebi que tinha deixado escapar um dado importantíssimo que, na realidade, comprova que tanto Paula quanto eu estávamos certos nas nossas teorias. Em Belo Horizonte, os mineiros mantêm uma freqüência de 3,8 vezes de relações sexuais por semana, enquanto que as mineiras, 2,4... é, de fato os cariocas viajam muito para Belo Horizonte.


Texto revisado por Paula Berbert

8 Response to "CARIOCAS x MINEIROS"

  1. Unknown Says:

    ler é bom!
    como disse, não lembro o primeiro livro que eu li, mas lembro bem que um marcante pra mim foi "O Diário de um Mago" nos meus idos 14 anos.
    hoje já leio outras coisas e o bom é esse... interesses sempre em mudança (e hj especificamente comprei um livro q pareceu bem interessante, se gostar mesmo te indico depois).
    ;*

  2. Cris O Says:

    Ó eu comentano aqui, ó! Pois é...eu sou do tipo de leitora que deveria tentar ser mais seletiva. Leio de tudo e sofro de uma doenca que é a incapacidade de largar um livro comecado mesmo que ele seja uma aberracao digna da fogueira. Já lí muita coisa que me traumatizou por conta disso. Quanto a incógnita sexual, nao tenho idéia do que possa explicar isso, por isso aí vai mais uma pergunta: E se todos os reporteres que andam escrevendo matéria besta,nao fossem trabalhar uma semana e ficassem em casa transando qual seria a alteracao desses valores?
    Adorei a descricao das fofas de letras! Me empolguei no comentáio, hein?

  3. Paula Says:

    Hahahahahahahahahaha!
    Eu só rio desse texto.
    Só!

    Só me questiono agora uma parte: "Coincidentemente, logo após essa leitura, ainda incomodado, entrei no MSN e encontrei a revisora dos textos desse blog, minha amiga Paula Berbert."

    Coincidentemente? Por quê? O que tenho a ver com as estatísticas dos cariocas? Juro que, se a viagem deles é para a Bahia, tenho nada a ver com isso.

  4. Anônimo Says:

    Humm... eu sou louca por Machado de Assis... hehe
    e essa história dos intercursos completos??? só vc mesmo viu.
    axu que vou pensar duas vezes antes de viajar para o rio. risos

    xero

  5. Anônimo Says:

    eita que essa curiosidade está me matando.
    risos

    xero

  6. Andrea Marques Says:

    Ah... Os cariocas...

    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Bjs!

  7. Glenda Rodrigues Says:

    ..concordando:
    ah, os cariocas!!!! ah, os cariocas!! rsrsrsrs
    glenda

  8. Alexandre Beanes Says:

    Velho, você tá se superando....na moral...eu achava que Cury era o rei da linkagem de idéias, mas você tá começando a ocupar o posto....hahahha...se cuida Cury.

    final do mês no Rio, vamos ver se aumento o índice das cariocas...hahaha

    abraço