Ocre soava muito estranho entre rosa, amarelo, vermelho, preto etc. Que diabo de cor era aquela? Fui apresentado a ela quando ganhei a minha primeira caixa de lápis-de-cor da Faber Castell, com 24 lápis. Era aluno de pró Robéria e jamais ouvira falar naquela cor, apesar de reconhecer a tonalidade. Era a mesma da casca da noz – sem tirar nem pôr -, mas por que aquele nome? Ocre. Como assim?!
Quando voltei da Alemanha, morei com Lua na casa da sogra – da minha – assim que chegamos. Após alguns meses, alugamos um quarto e sala no segundo andar muito bem localizado, próximo ao fim de linha do Itaigara e bem em frente a um ponto de ônibus. Como era agradável acordar domingo às 5:43 da madrugada com a suave melodia de um motor Mercedes Benz 355/6 arrancando em primeira marcha. Usufruí deste raro prazer por pouco mais de um ano, quando concordamos que pagar aluguel era jogar dinheiro fora e deveríamos comprar o nosso próprio apê.
Naquela época, Lua trabalhava lá na casa do estopô, em Sauípe, e tinha os horários mais loucos possíveis. Como eu só pegava duas matérias na universidade e tinha poucas turmas na Cultura Inglesa, fiquei responsável em procurar possíveis apartamentos, contatar o corretor, ver os imóveis, blá, blá, blá e, depois da minha triagem, visitaríamos os candidatos conjuntamente.
Com duas semanas de convívio intenso com trilhões de corretores, já estava me convencendo que aluguel era um bom investimento e acordar cedo aos domingos me possibilitaria aproveitar mais o dia. Corretores são Gremilins hi-tec programados para dizer “essa é uma oportunidade única” e “é exatamente o perfil do casal” trezentas vezes por minuto. Surreal!
Coincidentemente, o apartamento que compramos foi por intermédio de um corretor amigo da família - se é que isso existe. Foi de fato uma barganha, mas teve que passar por uma reforma total. Derrubamos paredes, reconstruímos banheiros, trocamos todas as portas e algumas janelas em pouco mais de três meses. Loucura absoluta. Concluí, então, que se um casal consegue sobreviver à escolha de um apartamento e a uma reforma, o casamento está garantido. Estava errado.
Meses antes da intervenção desse corretor camarada, porém, fiquei de visitar um apartamento no Rio Vermelho, pertinho da famosa Rua Alagoinhas, onde os finados Jorge e Zélia moravam, para ver “a maior oportunidade imobiliária a nível de Salvador” que solucionaria meus problemas de uma vez por todas. Já ciente do modus operandi - afinal, àquela altura do campeonato, eu era quase um profissional -, marquei o encontro estabelecendo horário e local, e ainda fornecendo características para que o corretor me identificasse facilmente.
- Então, Sr. Lubisco, como fazemos?
- Hum... que tal na frente do prédio às três?
- Três, três e meia, né?
- Veja bem, Sr. Régis, para mim só é possível se for às três. Eu trabalho.
- (Meio impaciente) Como o senhor preferir, então.
- Ótimo. Eu vou chegar numa moto preta, com capacete preto, tô de calça jeans e vestindo uma camiseta azul-marinho.
- De moto vai ser fácil te identificar.
- E o senhor, Sr. Régis? Como é que vai tá?
- Calça jeans escura e uma camisa de botão... rosa ...
- (Silêncio.)
- Mas é rosa macho, viu?
Quando voltei da Alemanha, morei com Lua na casa da sogra – da minha – assim que chegamos. Após alguns meses, alugamos um quarto e sala no segundo andar muito bem localizado, próximo ao fim de linha do Itaigara e bem em frente a um ponto de ônibus. Como era agradável acordar domingo às 5:43 da madrugada com a suave melodia de um motor Mercedes Benz 355/6 arrancando em primeira marcha. Usufruí deste raro prazer por pouco mais de um ano, quando concordamos que pagar aluguel era jogar dinheiro fora e deveríamos comprar o nosso próprio apê.
Naquela época, Lua trabalhava lá na casa do estopô, em Sauípe, e tinha os horários mais loucos possíveis. Como eu só pegava duas matérias na universidade e tinha poucas turmas na Cultura Inglesa, fiquei responsável em procurar possíveis apartamentos, contatar o corretor, ver os imóveis, blá, blá, blá e, depois da minha triagem, visitaríamos os candidatos conjuntamente.
Com duas semanas de convívio intenso com trilhões de corretores, já estava me convencendo que aluguel era um bom investimento e acordar cedo aos domingos me possibilitaria aproveitar mais o dia. Corretores são Gremilins hi-tec programados para dizer “essa é uma oportunidade única” e “é exatamente o perfil do casal” trezentas vezes por minuto. Surreal!
Coincidentemente, o apartamento que compramos foi por intermédio de um corretor amigo da família - se é que isso existe. Foi de fato uma barganha, mas teve que passar por uma reforma total. Derrubamos paredes, reconstruímos banheiros, trocamos todas as portas e algumas janelas em pouco mais de três meses. Loucura absoluta. Concluí, então, que se um casal consegue sobreviver à escolha de um apartamento e a uma reforma, o casamento está garantido. Estava errado.
Meses antes da intervenção desse corretor camarada, porém, fiquei de visitar um apartamento no Rio Vermelho, pertinho da famosa Rua Alagoinhas, onde os finados Jorge e Zélia moravam, para ver “a maior oportunidade imobiliária a nível de Salvador” que solucionaria meus problemas de uma vez por todas. Já ciente do modus operandi - afinal, àquela altura do campeonato, eu era quase um profissional -, marquei o encontro estabelecendo horário e local, e ainda fornecendo características para que o corretor me identificasse facilmente.
- Então, Sr. Lubisco, como fazemos?
- Hum... que tal na frente do prédio às três?
- Três, três e meia, né?
- Veja bem, Sr. Régis, para mim só é possível se for às três. Eu trabalho.
- (Meio impaciente) Como o senhor preferir, então.
- Ótimo. Eu vou chegar numa moto preta, com capacete preto, tô de calça jeans e vestindo uma camiseta azul-marinho.
- De moto vai ser fácil te identificar.
- E o senhor, Sr. Régis? Como é que vai tá?
- Calça jeans escura e uma camisa de botão... rosa ...
- (Silêncio.)
- Mas é rosa macho, viu?
26 de maio de 2008 às 19:14
sendo coerente com o 'não passar a mão pela cabeça'...
- tá ganhando quanto pela propaganda? ou tá fazendo de graça?
- poxa, esperava algo com o ocre no final...
bjs
27 de maio de 2008 às 03:06
rosa macho é pra diferenciar do rosa calcinha, sacou??
bj
27 de maio de 2008 às 08:09
E depois disso o "rosa macho" virou referência de Pantone!! rsrs
Adorei Negão!
Bjs,
Lua
27 de maio de 2008 às 18:00
venha cá... esse ocre não seria o flicts de ziraldo não? :)
28 de maio de 2008 às 08:43
o "à nivel de" é algo que me faz "estar odiando" uma quantidade incalculável de prestadores de serviço...
e esse sr régis é dos que tem medo de dar o * e gostar... hehehe!
beijo!
ps. comentário de paulinha espirituoso, viu?! :)
29 de maio de 2008 às 06:39
hi prof!
adorei o post...muito interessante...rosa macho...
muito legal teu blog...vou ficar visitando ok?
bjs;-)
nelly
31 de maio de 2008 às 06:22
sim e o ocre? será que só eu fiquei esperando??
rosa macho é? tai essa cor pra mim é nova.
Confesso, não consigo deixar de rir imaginando seu encontro com o corretor. E meu Deus... que descrição. O cara não se apaixonou não?
Xero
1 de junho de 2008 às 08:12
Tem alguém aqui em casa que também não se conforma com essa diversificação das cores. Salmon? No seu tempo era cor de abóbora e pronto!
Talvez por isso, ele jamais usará um rosa, mesmo com a garantia do macho.
Adorei!
Bjs