SUBMARINOS E AFINS

Já tinha ouvido de várias pessoas, cujas opiniões respeito, que o seriado Heroes, veiculado pela Universal Channel, era espetacular. Relutei um pouco em acompanhá-lo por basicamente dois motivos: 1. não sou muito afeito a super-heróis; 2. a série já estava na terceira temporada quando cogitei a possibilidade de começar a assisti-la.

Entretanto, Paula, certo dia, do nada, surgiu porta adentro, num rompante, dizendo que acabara de achar o DVD com a primeira temporada completa de Heroes, que Zeca havia copiado pra ela. Assisti ao primeiro episódio e, fudeu, fui fisgado imediatamente.

Verdade seja dita, adoro séries de TV. Assisto de tudo, sem preconceito. Até as produções de qualidade duvidosa, acompanho, no mínimo, alguns capítulos, para formar uma opinião e então decidir se descartarei ou não da minha grade de programação televisiva.

Ainda ontem, assisti a Monk. PUTAQUEPAIRU, que coisa tétrica. Se melhorar muito, muito mesmo, fica somente ruim! Pelo que entendi, deveria ser uma trama de investigação mesclada com comédia, na qual o detetive, Mr. Monk, consegue resolver os crimes no final, a despeito da sua atrapalhação. Infelizmente, pareceu-me que os roteiristas e o diretor ficaram perdidos e não galgaram sucesso nem como uma série investigativa nem, tampouco, de comédia. O capítulo a que assistimos acontecia dentro de um submarino. A graça deveria girar em torno da claustrofobia do protagonista e das alucinações que o faziam conversar com seu ausente psiquiatra. Mas tudo isso afundou...

Assim também foram vários matrimônios. Meu amigo e padrinho Leo, na porta da igreja, minutos antes de o meu casamento ter início, pegou-me pelo braço e profetizou, sussurrando no meu ouvido: “casamento é igual a submarino, pode até flutuar, mas foi feito pra afundar”. Na mosca. Precisão cirúrgica!Até hoje, peço a ele as dezenas para a MEGA SENA.

Quando fui convidado por Adriana e Julio para “dizer algumas palavrinhas” no casamento deles, confesso ter pensado em parafrasear meu profético padrinho. Entretanto, mesmo sendo um casamento descontraído, numa oficina, achei que não seria apropriada uma brincadeira que desse qualquer tom pessimista à celebração. Sendo assim, aproveitando que tinha sido testemunha ocular dos primeiros minutos deles juntos, resolvi, para não agourar o casal, contar a história da gênese do relacionamento. E foi assim:

A idade vai chegando, cai o cabelo, falha a memória
Mas vou tentar relembrar o primeiro dia dessa história
Deve-se ter muito claro de antemão
Que essa é somente a minha versão
Outros detalhes aconteceram com certeza
Mas não devem ser colocados, assim, em cima da mesa.
Julio tinha recém se mudado
Para um novo apê, aqui ao lado.
Adriana, menina esperta que não é abestalhada,
Aproveitou para aparecer assim que foi convidada!
É que Julio tinha chamado uns amigos para comemorar
O apartamento novinho em folha que acabara de alugar
E sabido que é
Tratou de chamar um monte de mulher.
Ok, confesso: “um monte” é exagero
Mas uma história que se preze há de ter tempero.
Voltando, então, Julio que não é nenhum banana,
Chamou poucos amigos... entre eles, Adriana!
Eu, da janela, num sofá meio desconfortável
Assistia aos dois levando um papo muito agradável
Julio tinha lido o manual! Fazia tudo no maior capricho:
Um sorriso aqui, uma bebericada ali, um cochicho
A noite avançava, bebia-se vinho, comia-se queijo
E tudo conspirava para o primeiro beijo...
Lá pelas tantas, se dizendo cansada,
Drika anunciou uma passagem marcada.
Deveria ir embora, pois ficar mais não podia
Já que seu vôo era cedo, bem cedinho no outro dia.
Julio, espertíssimo, nada morto
Logo se ofereceu para levá-la ao aeroporto
Propôs, ele: “quer que eu te leve de motocicleta?”
Respondeu, ela: “Na sua garupa, vou até de bicicleta".
Pausa, olhares, mais um gole de vinho
E Drika lançou seu irresistível biquinho!
Eu, de camarote, percebi naquele momento
Que vinho + biquinho = casamento!
Há quem acredite em ciência, simpatia, na lei da atração
Pra explicar o imponderável desejo do coração
Prefiro simplesmente admirar a beleza
Dos encontros promovidos pela natureza:
O primeiro raio de sol anunciando o amanhecer,
Ou o perfume da grama molhada ao chover
Seja da serenidade do rio com a braveza do mar
Ou de duas pessoas que resolvem se amar.
Aproveito, então, o grato ensejo
Para expressar meu mais profundo desejo:
Que essa comemoração de hoje, essa nova realidade
Seja regada diariamente com muita felicidade.
Só uma última palavrinha dedicada a vocês
Para acabar com esse falatório de uma vez:
Meu querido Julio, minha amiga linda Adriana,
Alimentem o espírito, mas não se esqueçam da vida mundana.

Antes tivesse parafraseado o meu padrinho....

P.S.: Agradecimento especial a Adriana, que não somente autorizou, mas também estimulou a publicação desse texto.

Este texto foi revisado por Paula Berbert

6 Response to "SUBMARINOS E AFINS"

  1. Rainha de Espadas Says:

    ahaha, seu padrinho foi mais sábio, mas vc é poeta e foi profeta rbm, porque desse casório so restou a vida mundana, ahaha!
    Bota o texto do biquinho e da geladeira!!!!!!!!!!
    Genial, vc!
    bjk

  2. Multiethnic Says:

    Haaaaaaaaaaaaa, fala sério... Quando for a minha vez nessa forca, chamo vc pra dizer umas palavrinhas!!!!!!!! Ri muito!!!

    Tomara que o meu submarino não afunde... Veja só meus pais e meus tios, os que têm menos tempo de casados t~em 18 anos... E entre minhas amigas, todas estão casando ou já esttão casadas... n deve ser assim tãããão ruim casar...

  3. Anônimo Says:

    seus versinhos-cantadores-nordestinos são campeões...rs...yellow submarine na cabeça!

  4. Anônimo Says:

    a parte do casamento está ótima... a história parece bem legal, e nem conheço os protagonistas. vc podia ter só falado do casamento...
    como já disse outro dia, vc mistura muito! se passa mesmo!!

    podia ter postado só a segunda parte.

    aff misturou demais!!!!!!

  5. Malabarista de Palavras Says:

    Bom texto Lubis, engraçado.
    *Heroes é foda...uma das melhores séries da Universal channel.

  6. Anônimo Says:

    Parfait, pra variar...

    Olhe esse perfil. Dê uma olhada no comentário tbm.

    http://pridealmeida.blogspot.com/2009/02/monstros-e-humanos.html#comments